Demanda por Cuidados Paliativos é alta e Brasil está longe de ter oferta suficiente de atendimento

Imaage: Demanda por Cuidados Paliativos é alta e Brasil está longe de ter oferta suficiente de atendimento

Embora os cuidados paliativos estejam crescendo a olhos vistos no nosso país, ainda temos muito chão. Estamos com pouco mais de 10% do que seria necessário para um bom atendimento à população. Formar novos paliativistas e implementar novas estruturas em clínicas e hospitais é urgente. Precisamos e temos para onde crescer.

Neste artigo você vai conhecer um pouco mais sobre a oferta e demanda do mercado por profissionais qualificados na área de Cuidados Paliativos.

Cenário atual

Os Cuidados Paliativos, diante de sua crescente importância global, evidenciam desafios e oportunidades singulares, especialmente quando direcionamos nosso olhar para a realidade brasileira. A Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA) destaca a disparidade social no acesso a esses serviços, revelando que 82% daqueles que os necessitam residem em países de baixa ou média renda, resultando em 18 milhões de mortes anuais com sofrimentos evitáveis.

No contexto brasileiro, o setor de Cuidados Paliativos tem testemunhado um notável crescimento nos últimos anos, impulsionado pelo envelhecimento populacional, aumento de doenças crônicas graves e esforços de organizações sem fins lucrativos. Apesar do incremento de 25% nos serviços até 2022, o País ainda enfrenta uma lacuna significativa entre oferta e demanda, com apenas cerca de 10% da capacidade necessária para atender adequadamente à população.

A Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) destaca que, embora mais de 50% das equipes estejam no Sistema Único de Saúde (SUS), a expansão dos serviços ainda é crucial. A necessidade urgente de formação de novos profissionais especializados e a implementação de estruturas em clínicas e hospitais são imperativas para preencher essa lacuna.

É fato: A crescente demanda de pacientes que necessitam de cuidados paliativos no mundo tem crescido exponencialmente. Por este motivo, os estados articulam para expandir e qualificar as políticas de cuidados paliativos e de atenção domiciliar — incluindo home care — dentro do Sistema Único de Saúde (SUS). A previsão do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) este ano de 2023 foi pactuar e estruturar as ações com os municípios e ter o financiamento por parte do Ministério da Saúde, passando para a implementação neste segundo semestre. O projeto começou por cidades de grande concentração populacional e tem se expandido nas diversas regiões do Brasil, mas ainda não há um balanço se os resultados esperados foram atingidos.

Desafios na Formação em Cuidados Paliativos

A implementação efetiva da inclusão dos Cuidados Paliativos nas graduações de medicina no Brasil, apesar da recente obrigatoriedade, encontra-se diante de desafios consideráveis. Entre eles, destaca-se a escassez de professores qualificados e a persistência do preconceito na comunidade médica. Surpreendentemente, apenas 14% das faculdades de medicina incorporaram a disciplina em sua grade curricular, sendo que 57% dessas instituições pertencem ao setor privado.

A expectativa é que os futuros médicos, ao concluírem a graduação, estejam devidamente capacitados para realizar avaliações precisas de prognósticos, elaborar planos de cuidados proporcionais e desenvolver habilidades de comunicação essenciais. Esse enfoque visa proporcionar aos profissionais uma compreensão aprofundada do conceito correto e da aplicabilidade dos cuidados paliativos na assistência a pacientes portadores de doenças ou condições potencialmente mortais, como câncer, insuficiência de órgãos, Alzheimer, Parkinson, além daqueles com sequelas decorrentes de injúrias neurológicas e da COVID-19.

Conquanto a teoria destaque a relevância desse conhecimento, a prática demanda que os futuros médicos adquiram, pela primeira vez, a capacidade de aplicar, de maneira efetiva, os princípios dos cuidados paliativos na assistência a pacientes em situações delicadas. Essa abordagem torna-se particularmente vital em contextos como o enfrentamento de doenças graves e crônicas, onde o cuidado integral e compassivo é imperativo.

Diante desse cenário, urge enfrentar os desafios relacionados à escassez de docentes especializados e ao preconceito arraigado, promovendo uma mudança cultural que valorize a inclusão dos cuidados paliativos como parte integral da formação médica. Somente assim será possível garantir que os profissionais de saúde estejam verdadeiramente preparados para lidar com as complexidades e demandas éticas inerentes a esse campo, proporcionando um atendimento mais humano e eficaz aos pacientes em momentos de vulnerabilidade extrema.

Iniciativas de Mudança e Desafios Persistentes

Nesse cenário desafiador, o Instituto Paliar, com seus 15 anos de experiência, destaca-se como uma resposta proativa aos desafios enfrentados na formação em Cuidados Paliativos. Com mais de três mil e quinhentos alunos capacitados, o Instituto oferece cursos de Pós-Graduação com início em março de 2024. Essa iniciativa busca preencher as lacunas existentes, proporcionando uma formação de qualidade e excelência a profissionais de equipes multidisciplinares

Embora o cenário dos Cuidados Paliativos no Brasil apresente avanços, persistem desafios significativos. A conscientização, a superação do preconceito e o investimento contínuo em formação são cruciais para atender às demandas crescentes e garantir um atendimento digno àqueles que enfrentam condições de saúde complexas e potencialmente terminais.

Os cursos vigentes de Pós-Graduação em Cuidados Paliativos nas modalidades “Aperfeiçoamento” e “Especialização” para médicos e multiprofissionais da área da saúde estão com matrículas abertas aqui . Vale a pena conhecer a proposta!

O Papel da Sociedade na Transformação

A colaboração ativa da sociedade na transformação dos Cuidados Paliativos no Brasil vai além da conscientização e destituição de estigmas. A participação ativa dos cidadãos, através de iniciativas comunitárias e engajamento em programas educacionais, é crucial. O estímulo à empatia e à solidariedade, bem como a criação de redes de apoio local, amplia o suporte emocional necessário para pacientes e suas famílias.

Além disso, a sociedade pode influenciar as políticas públicas, advogando por investimentos em infraestrutura e treinamento adequado para profissionais de saúde que atuam nesse campo. A criação de espaços de discussão em comunidades, escolas e locais de trabalho contribui para uma compreensão mais holística dos desafios enfrentados por pacientes em cuidados paliativos, promovendo assim uma cultura de respeito à dignidade no fim da vida.

Ao fomentar uma cultura que valoriza a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes terminais, a sociedade desempenha um papel ativo na construção de um sistema de Cuidados Paliativos mais abrangente e humanizado. Essa abordagem integrada, envolvendo todos os segmentos da sociedade, é essencial para garantir que a transformação nesse setor seja efetiva e sustentável.

O Futuro dos Cuidados Paliativos no Brasil

À medida que vislumbramos o porvir, é crucial que o Brasil não apenas intensifique seus esforços na formação de profissionais de saúde, mas também promova parcerias interdisciplinares entre instituições educacionais e unidades de saúde. A inclusão de disciplinas de Cuidados Paliativos em faculdades de medicina, complementadas por programas de enfermagem e outras áreas afins, é essencial para construir uma base sólida de conhecimento e práticas.

A promoção de pesquisas e inovações é um pilar fundamental para o progresso nesse campo. Estimular projetos que explorem novas abordagens terapêuticas, tecnologias aplicadas aos cuidados paliativos e métodos de aprimoramento da qualidade de vida dos pacientes é essencial para impulsionar a excelência no atendimento, contribuindo para a expansão do conhecimento científico e a criação de melhores práticas.

Ademais, é vital estabelecer políticas de saúde que incentivem a integração dos Cuidados Paliativos em todos os níveis do sistema de saúde, reconhecendo a importância desses cuidados e alocando recursos adequados para garantir sua implementação eficaz.

Em conclusão, os Cuidados Paliativos no Brasil estão em um ponto crucial de sua evolução. Embora tenhamos testemunhado avanços notáveis, é vital enfrentar os desafios persistentes com determinação e cooperação. Somente assim podemos assegurar que todos, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham acesso a cuidados de qualidade no fim da vida.

Quer se aprofundar neste tema? Neste artigo exploramos o conceito de Cuidados Paliativos.

 

Criado por Pedro Accorsi
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Estagiário de Comunicação do Instituto Paliar, é estudante de Jornalismo na Escola Superior de Propaganda e Marketing.