Como a morte é encarada ao redor do mundo?

Imaage: Como a morte é encarada ao redor do mundo?

A morte, inevitável e universal, transcende fronteiras culturais, apresentando-se de formas diversas ao redor do mundo. Explorar como diferentes países lidam com a morte pode oferecer perspectivas valiosas, desafiando nossas próprias premissas sobre o fim da vida. Do respeito oriental à ancestralidade ao modo pragmático do Ocidente, cada abordagem traz ensinamentos sobre aceitação e compreensão do ciclo natural. Como brasileiros, também podemos refletir sobre nossas próprias tradições e aprender com essa diversidade cultural, buscando conforto e sabedoria diante da inevitabilidade da morte.

Neste artigo, vamos analisar como diferentes países lidam com a questão da morte e descobrir o que podemos aprender com eles. Ao longo do texto, vamos explorar práticas e tradições únicas que tornam alguns lugares notáveis no enfrentamento do luto. Ao focar em nações que se destacam nesse aspecto, buscamos oferecer aprendizados significativos sobre como enfrentar a morte e celebrar a vida.

Curiosidade: Você sabia que o Butão é considerado o país que melhor lida com a questão do óbito?

O Butão conquista o título peculiar (mas significativo) de país que lida de maneira exemplar com a morte. Apesar de seu tamanho modesto e, muitas vezes, passar despercebido, a região oferece valiosos ensinamentos que podem desafiar até nações maiores e mais desenvolvidas.

O segredo para a felicidade no Butão, considerado a nação mais feliz do mundo, revela-se através de um hábito incomum: pensar na morte pelo menos cinco vezes ao dia. Isso não significa que o povo butanês lida "bem" com a morte; na verdade, lida com ela de maneira ativa. O lugar realiza inúmeros rituais que constantemente lembram a todos da inevitabilidade da morte, instigando uma apreciação profunda pela vida a cada momento.

Um exemplo peculiar é o ritual que ocorre sete dias após o falecimento de um ente querido. Ao contrário de cerimônias similares em outros lugares, no Butão, essas reuniões se repetem sete vezes, mantendo viva a memória da pessoa que partiu. Essa prática constante de lembrança desafia a saudade e mantém viva a conexão com os que se foram.

O Butão se destaca ao dedicar uma atenção extrema à vida espiritual, uma abordagem que contrasta com muitas sociedades que tendem a negligenciar essa dimensão em meio às preocupações cotidianas. Essa ênfase na espiritualidade ao longo da vida contribui para que, no final, a paz espiritual não seja uma preocupação, proporcionando uma perspectiva única sobre a mortalidade.

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Japão

No Japão, a abordagem à morte destaca uma prioridade singular: a preocupação central não reside apenas em ter uma morte tranquila, mas principalmente na capacidade da família de lidar com os custos, tanto emocionais quanto financeiros, associados ao falecimento. Essa perspectiva revela uma bela expressão de cuidado e consideração, onde o foco recai mais sobre o bem-estar dos familiares do que sobre o indivíduo que se despede da vida.

Essa forma de lidar única reflete a importância atribuída aos laços familiares e à responsabilidade de garantir que o processo de luto seja gerenciado de maneira adequada. No país asiático, existe uma tradição cultural sólida em torno do respeito à família e da importância de aliviar o fardo emocional e financeiro que a morte pode acarretar para aqueles que ficam.

Ao valorizar o aspecto prático e emocional da perda, os japoneses evidenciam uma visão coletiva que destaca a importância da comunidade e da solidariedade em tempos difíceis. Essa perspectiva única sobre a morte, centrada na consideração pelos entes queridos, oferece uma lição valiosa sobre o papel crucial que a família desempenha no enfrentamento da finitude e como essa abordagem pode inspirar outros contextos culturais a repensar suas atitudes em relação à morte e ao luto.

E no Brasil, como a finitude é vista?

Na visão dos brasileiros sobre a morte, há uma mistura de sentimentos. Uma pesquisa do Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil revela que, embora muitos reconheçam a morte como algo natural (79,5%) e acreditem que é a única certeza que temos (81,2%), a maioria (68%) se sente despreparada para lidar com o fim da vida. Isso pode ser reflexo da cultura brasileira, onde falar sobre a morte é muitas vezes evitado, gerando medo e desconforto. A pesquisa também mostra que 75% têm medo de perder alguém próximo e 73,7% evitam falar sobre o assunto. Esses dados ressaltam a importância de um diálogo mais aberto sobre a morte no Brasil, promovendo um entendimento mais saudável diante desse aspecto inevitável da vida.

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Por que devemos falar sobre a morte e deixar de encará-la como um tabu?

Quebrar o tabu em torno da morte e iniciar conversas abertas sobre esse tema muitas vezes esquivado pode trazer benefícios significativos. Abrir esse diálogo pode proporcionar às pessoas uma melhor compreensão e capacidade de lidar com a perda, criando um ambiente mais propício para enfrentar a inevitabilidade do fim.

Falar sobre a morte não se trata apenas de encarar a finitude, mas também de planejar antecipadamente questões relacionadas a ela. Ao discutir abertamente sobre desejos finais, testamentos e cuidados paliativos, as pessoas têm a oportunidade de expressar suas preferências e garantir que seus desejos sejam respeitados.

O estigma em torno do óbito muitas vezes contribui para o silêncio em torno desse assunto. Romper com esse tabu permite que a sociedade aborde questões importantes de maneira mais consciente, promovendo uma compreensão mais saudável e realista da mortalidade.

A dificuldade em falar sobre essa questão é multifacetada, envolvendo questões culturais, religiosas e filosóficas. A morte não é apenas o fim da existência física, mas também o encerramento de projetos e sonhos. Reconhecer e discutir abertamente essas complexidades pode enriquecer a experiência humana, proporcionando um entendimento mais profundo da vida e da mortalidade. Portanto, quebrar essa barreira emocional em torno do falecimento é um passo crucial para promover uma cultura mais saudável e preparada para lidar com esse aspecto inevitável da existência.

Como o Instituto Paliar se relaciona com esse tema?

O Instituto Paliar desempenha um papel fundamental no abordar da questão do luto dentro do contexto dos cuidados paliativos. Nos cursos regulares oferecidos pelo instituto, a temática do luto é explorada ao longo do programa. O enfoque inclui o entendimento do luto antecipatório, que se caracteriza pela construção do significado da perda durante o processo de adoecimento. Essa abordagem considera a família como um sistema de relações mútuas, destacando a importância do apoio e da reorganização da vida como parte da progressão diante da iminente perda de um ente querido. O Instituto Paliar visa capacitar profissionais para lidar de maneira sensível e eficaz com as complexidades emocionais inerentes ao enfrentamento do luto durante a prestação de cuidados paliativos.

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Criado por Pedro Accorsi
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Estagiário de Comunicação do Instituto Paliar, é estudante de Jornalismo na Escola Superior de Propaganda e Marketing.